sábado, 25 de dezembro de 2010

PROMESSAS - 2011


Esse ano prometo
não fazer as mesmas promessas,
não fugir dos sentimentos,
não pregar as mesmas peças.

Prometo não desistir
de buscar as alegrias...
da magia dos sonhos de hoje,
e dos sonhos que estão por vir.

Prometo cantar
as mesmas músicas,
inventando sempre
um novo refrão.

Andar nos trilhos
do destino
pra não deixar
passar meu vagão.



domingo, 19 de dezembro de 2010

A GOTA


A gota que cai
na água de um lago
o espelho distorce
com a sutileza da vibração.

A mesma gota
no leito de um rio
é arrastada pela corrente,
e parece ir embora
sem qualquer alteração.

A diferença,
tão simples,
é oceano
de indagação.

Não é inércia de lago,
nem do rio,
agitação.

Mas a gota esclarece

(sofrida)
que só queria ser acolhida
e se sentir parte

da imensidão.

domingo, 21 de novembro de 2010

TERESA


Quando a alma fugia

mirava seu corpo no espelho
como forma simples
de interiorização.

Por que não?

Espontânea como era
traçava seu caminho
destino anunciado
como a febre que anuncia a infecção.

Por que não?

A cada escolha que fazia
a outras tantas renunciava
escrava que era de um tempo
passado que nunca passou.

Aceitava o que havia
como se não pudesse dizer não
como a esperança que anuncia
num futuro salvação.

Por que não?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

VOLTO


Pronta pra contar
contos sem final.

Voltas que a cabeça
não pára de dar.

Volto sempre
ao mesmo lugar.

E aqui estou.

domingo, 3 de outubro de 2010

VOU


Me afasto do palco
qual trapezista quando sobre
rumo ao céu infinito
para outra perspectiva enxergar.

Me afasto
porque é preciso se afastar.

Fujo do palco
qual delinquente que foge do assalto
para um novo crime planejar.

Vôo alto
nos céus dos meus mundos
qual pássaro desnudo
a procura de um novo lugar.

Essa fuga me consola.

É preciso ir em frente,
ser navio a velejar.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

SEM EXPLICAÇÃO


Pequenos pedaços de verdade
que me fazem tão bem,
grande revelação.

Pequenos nunca serão.

Grande passo da vontade
sem qualquer explicação.
Sem censura, sem loucura.

Pedaços de superação.

Ternura no primeiro passo.
Pressentimento
que não chega ao fim.

Abraço o futuro
e me acho
a grande autora de mim
(desses versos ainda farei um jardim).

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

GENTE


No meio dessa gente
somos todos meio loucos.
Correndo sem ir em frente,
sonhando sem direção.

E, loucos, nos estranhamos,
nos amamos, odiamos...
com a fé de quem não sabe,
e prefere não ter
explicação.

No meio dessa gente
somos gente,
ainda que não saibamos.

E merecemos ser donos
de um pedaço de atenção.

Como gente,
somos iguais!

Mas decidir ir em frente
nos faz ser diferente
dessa gente tão fugaz.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O TÚNEL DE CHAN


Vai seguindo nesse túnel.
Escuro, sem sentir os pés.
Cansada, não consola a alma.
Sem calma, sem canção, sem fé.

Vai seguindo como louca,
tentando não olhar pra trás,
acreditando naqueles que dizem
que depois da escuridão há paz.

Vai seguindo.
Não pode ficar parada.
Já não quer voltar atrás.

Lá vem vindo
a luz que insiste em cegar.
Não aponta o fim do caminho
(desvio?!).
Sequer ilumina o lugar.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

TEATRO DE SOMBRA


O teatro da vida
é como o teatro
mágico chinês.

A estória, versão.
Os atores,
em suas dores,
não passam de projeção.

Toda nuance
revela o alcance
da imaginação.

Sombras do passado
aparecem
no tablado da mente
disfarçadas de percepção.

O simples prevalesce,
cresce como gigante,
expande e nos revela
fantoches
da Criação.

sábado, 4 de setembro de 2010

REPOSITÓRIO DE COISAS

Fiz do inconsciente
um depósito
de coisas
que não me querem largar.

Não têm vida essas coisas,
sequer existem
ou podem sonhar.

Mas, sombrias como a morte,
insistem em se manifestar.

Fiz do depósito
repositório
de todas as coisas
que quero guardar.

Não as quero em pensamento,
se é momento de ser "dona".
Mas, como quem perde o controle,
(por pura curiosidade)
deixo que venham.

É preciso espreitar
.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ASAS


Quero respirar
o ar da novidade
(da nova idade).

Quero suspirar!

E não haverá barreira
que não seja labirinto.
Sinto novas portas abrindo,
e já não quero me encontrar.

Posso ouvir, nessa toada,
que prescindo de asas.
Vagas, já não me tocam,
não mais quero escapar.


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PORTA


Todas as portas
que nunca foram fechadas
me prendem
num labirinto sem fim.

Sempre foi assim,
e por toda a eternidade será.

A não ser que asas eu crie...
só assim poderei escapar!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

TRATO


Proponho um trato,
um tratado,
de traslado
sem consumição.


É preciso
que aceite
toda cláusula
por mim imposta,
sem hesitação.

Proponho vindas,
e berlindas,
apenas de passagem,
sem ancoração.

É preciso que siga
navegando em seu barco,
vela em riste,
sem alteração.

Proponho,
e ordeno
que aceite!

Deleite,
sem vontande.
Contrato de adesão.

domingo, 8 de agosto de 2010

PAR DE ASES


Não sabiam que era um jogo,

pois mesmo nas despedidas
(entre idas e vindas)
eram um casal.

Par de ases.

Apostaram todas as fichas
na jogada ideal.

Mas a sorte que sorria
não havia de ser norte,
era cartada final.

Quando o fim da linha chegar
já não seremos um par.

Lançaremos mão das cartas,
jogo de azar.

Fomos iguais um dia,
tudo que a sorte nos podia dar.
E, ao findar essa partida,
já não seremos um par.

Fim do jogo,
fim da linha.

Nada que termina
nos ensina a ficar.

Quero a sorte,
sem ruína.

Quero a vida
a me jogar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DOR QUE PERSISTE


Tem medo de não te decifrar,
medo que não a decifre.

Medo de sentir dor,
medo que cometa um deslize.

Medo de esperar,
medo de um palpite.

Medo de perder o ar,
medo de ter apetite.

Pois todo medo que não teve
foi desejo que nunca passou.

Dor que ainda persiste.

LOUCA


Pode estar ficando louca
querendo beijar aquela boca.

E, de tão piegas,
censura a própria versão.

Pensa que não deveria pensar.
Não se deixa censurar.

Deve estar ficando louca!

E quer calar aquela boca
com o beijo que nunca soube dar.


sexta-feira, 9 de julho de 2010

SIM, SIM, NÃO, NÃO!


Dirás que já é tarde
eu direi que NÃO.

Direi não ao orgulho,
com vontade!

Já não aceitarás
meu discurso pagão.

Dirás que nosso tempo passou
eu direi que NÃO.

Mergulharei no fosso
fundo da paixão.

Não me salvarás
nem mesmo se, implorando,
eu erguer as mãos.

Dirás que estou ficando louca
e eu, mais uma vez, direi que NÃO.

Não saberei ouvir
o "não" de sua boca.

Não serei o silêncio
das palavras.

Não haverá mágoa
nem maceração.

Nada que não se resolva.

Sim, sim. Não, não.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

INCONSTANTE


Estou certa
de que não é certo.

Não estou tão perto
e, longe,
também não quero me afastar.

Estou certa
de que não é certo.

Perto demais
para ser nada.

Longe de tudo
que me quer agradar.


quarta-feira, 16 de junho de 2010

ENSIMESMADA


Sou muito mais eu
quando não acompanhada.
É tudo mais meu!

É mais carnaval
se sigo a própria estrada.
É tudo alto astral.

Tem mais inspiração
se a alma está ilhada.
O canto é mais refrão.

Sou mais dedicada
à vida em solidão.

Muito mais amada!

Ensimesmada.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

CAMISA DE FORÇA


Cadência de fatos
Carência de fracos
Carícias são fardos
Cansados de não ser

Cálculos passados
Contam como chatos
Cada retrato
Coberto pra não ver

Cadência de fardos
Carência de fatos
Carícias do passado
Cansadas de não ser

terça-feira, 8 de junho de 2010

EMBUSTE


Quanta farsa
em si mesma!
Quanta graça...

Disfarça,
não se reconhece.
Não passa,
não segue.

É personagem,
fábula,
invenção.

Viagem,
imagem,
imaginação.

Quanta graça
em si mesma!
Quanta farsa...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

SONHO MESMO


Por que razão esse sonho
insiste em me assombrar?!

É sempre o mesmo sonho,
agora com outra roupagem.
Isso não posso negar!

É vício pelo avesso
e, quando penso que esqueço,
chega tarde a atazanar.

É sempre o mesmo sonho
mas mais parece um pesadelo,
tamanho o desespero
para dele me livrar.

Refém de meus próprios medos,
sempre finjo que entendo
quando me ponho a analisar.


quarta-feira, 19 de maio de 2010

SOLTO


Nesse tempo que andou tão solto

não enlouqueceu por pouco.

Se arrastou pra não ir além.
Não foi seu, não foi meu,
aprendeu a não ser de ninguém.

Aprendeu a aprender, de novo,
o que se deve fazer para esquecer.

Transbordou em seu ser desgosto.
O que sentia era oposto
de tudo o que queria ser.

Olhou para si
quando seus olhos já nada podiam ver.

Mesmo na escuridão da noite
soube ser luz de seu caminho,
aprendeu a andar sozinho,
já não vive por viver.

sábado, 15 de maio de 2010

O DIA EM QUE PAREI DE ESCREVER POESIA


A poesia é intensidade,

é vontade que não tem mais fim.

É toda verdade que nunca foi dita.
É amor,
mesmo quando não há amor em mim.

A poesia é lágrima
que a alma nunca chorou.
É sangue
que a ferida em chaga
nunca derramou.

É o sorriso que se coloca a gargalhar
quando o corpo, ainda saudoso,
se deixa renovar.

Ela tudo fantasia
e, ainda quando não há magia,
prorrompe em suspiros
de alegria ou de pesar.

Um dia percebi
que há tempos nela não pensava,
e versos não mais escrevia.

Mas não foi tempo sem poesia.

É que havia tanta verdade,
tanta intensidade
nesses dias,
que os momentos me escreviam
como versos,
e o silêncio era inexplicável poesia.

Aliás, só naquilo que nunca escrevi
há pura verdade,
sem fantasia.

quarta-feira, 31 de março de 2010

MÁSCARA


A máscara vestia
pra esconder do rosto
a imperfeição.

Mas, ao vestí-la,
esqueceu que havia rosto.

Pensou no carnaval,
se fez pagão.

sexta-feira, 19 de março de 2010

NOITE E DIA


Quando eliminou do seu coração
todo tipo de mágoa
recuperou a face apartada
do tempo em que não se deu.

Recuperou a alma cansada,
o império e a caminhada,
como se não lhe aprouvesse o amargo
da estrada que um dia escreveu.

Quando percebeu
a dimesão dessa agonia
pensou que já não havia
remédio pra curar.

É que, ao anoitecer em si,
(noite sombria)
esqueceu que havia
novo dia,
em outro lugar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

PEDRA


Se descobriu pedra,

dessas que se mantêm firmes
com o sentimento sublime
de amortecer o mar.

Sempre se impunha
com sua dureza,
sem saber que o tempo
não lhe ia perdoar.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

(A)VENTURA


Pessoas aleatórias
no sorteio da vida
aparecem como medida
do acaso a ocasionar.

Algo de fim no meio.

Algo de bem-estar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

IMPERFEIÇÃO


Não há paixão
se não há poesia.

Sem essa magia
não há nada mais que defeito.

É tudo imperfeito,
só é preciso saber enxergar.

Não, não é só isso!
Depois é preciso, ainda, se acostumar.

sábado, 30 de janeiro de 2010

TEMPO DE PENSAR


O tempo passado não basta.
E o futuro
me arrasta o caminhar.

Não há tempo
que a tempo nos sirva,
se até mesmo o agora
já parece passar.

Não me venha
com essa idéia latente,
pois é no presente
que se deve criar.

Não envolve
o que passa na mente.
Não se sente
quando o tempo é de pensar.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

2 MUNDOS


Era um livro de magia,
uma estória sem final.
Era conto e poesia,
era sobrenatural.

Era abraço, sem ser laço,
norte do mundo meu.

Sorte triste, sem saída.
Era tudo que um dia deu.

Não sabia não ser guia,
mas na vida se perdeu.
Era chama que ardía,
fogo em brasa, mundo seu.