sexta-feira, 27 de março de 2009

FIM


Não é certo
não me olhar.
Nos olhos, lágrimas
que já não ousam brotar.

Esses olhos que fecharam
por um dia suspirar,
seguem cerrados
se estás presente,
agora cansados de evitar.

Fora doce e salutar
desde o dia em que te vi.
Todo fel não se podia notar,
pois que se escondia mesmo dentro de mim.

Te gosto ainda
e, por isso, todo esse importar.

E ainda machuca te ver.
Enfim,
tudo isso há de passar!

segunda-feira, 23 de março de 2009

UMAS VERDADES


Vim lhe dizer que minto!

A verdade não é boa companheira.
Ela também é beira de um abismo,
e me atira
em todas as seduções.

À parte, vim falar da vaidade.
Essa mesma que segura
o impulso da inspiração,
o curso da razão invade,
corrompe a verdade,
e faz de conta que é pura monta de perfeição.

A adaga que me fere
é vaidade pelo avesso,
verdade com gosto
de frustração.

Essa adaga que não mata,
sensata.
Também não ressuscita!

Apenas fere
e sinaliza mentiras,
que não têm sido proferidas
pela voz da solidão.


terça-feira, 17 de março de 2009

É MELHOR SER ALEGRE


Se é tristeza...
é também poesia.

Lágrimas, às vezes,
vêm pra aliviar.

A noite se parece com o dia.

Lampejo se confunde com luar.

Por fim,
é bom ser guia.

Mas bom mesmo seria
ter a alegria a me guiar.

sexta-feira, 6 de março de 2009

ESTRADA II


Amar a estrada
que leva pro mar.

Pelos caminhos da vida,
lida corrida,
simplesmente peregrinar.

Ser a imensidão que acolhe
e recolhe em todos os rios
o vazio a desaguar.

Mar que é vida a animar.
Rio que é, tão somente, desvio
e que é, ainda, descaminho
do que seria um não-caminhar.

Ser sozinho é não poder alcançar
a estrada que leva pro mar.
Ser sozinho é desviar.
O curso das águas mudar.

Mas estar sozinho é ouro.
Encontro marcado.
Tesouro que se chama
introspecção.
Estrada marcada
pela pegada-redenção.

O desaguar de águas
no mar sem fim...

Embocadura de ti em mim.

Saber nadar
é o primeiro passo
para, na estrada do mar,
jamais vir a se afogar.

E se é de mar
a estrada-coração.
A escola da vida.
é de estréia.
É pangéia
e não separação!
Foz de renovaçao.

Não é reta, nem clarão.
É, muitas vezes, disforme.
Quase sempre,
sugestão.

Não é de estrago
a estrada da Terra.
Não é de guerra.

Estrada

de terra.

E, ainda que pareça absurdo,
é mister
sobretudo,
saber suspirar.

Amar a estrada
que leva pro mar.

ESTRADA I


A estrada me consome
e some...

Já não me anda
quando é sua vez de mandar.

Me embriaga
de calor e fome.

Não manda socorro.
Morro só de pensar!

É de terra e sal,
e só em tempos de carnaval
pode a carne sobejar.

Segue sob as águas,
e, quando inunda,
já não afunda.

Pois que é tempo de mergulhar.
(era estrada, ou era mar?)

METALINGUAGEM


Doce terapia.
De mim fala
e a mim repudia.

A força que me escreve,
é a farsa que alivia.

E é assim
que me desvia
o curso da poesia.

terça-feira, 3 de março de 2009

GRAÇA


Arrancada de algum ventre
qual emboscada de uma estrada,
foi-se indo, ressentindo...
Farsa de estar-se em si e não ser.

Graça era o seu nome,
parca a sua razão.
Emoção com arroz come
para arrotar sonho e incompreensão.

É que o não entedimento
de "per si" rasga.
E em forma de tormento
torna a alma vaga.

E a saga, misteriosa e prosa,
tanto tédio lhe impõe.
Corroi a calma
qual ferrugem que se espalha
numa peça de metal.

Mas ela rude
rudimental.