quarta-feira, 19 de maio de 2010

SOLTO


Nesse tempo que andou tão solto

não enlouqueceu por pouco.

Se arrastou pra não ir além.
Não foi seu, não foi meu,
aprendeu a não ser de ninguém.

Aprendeu a aprender, de novo,
o que se deve fazer para esquecer.

Transbordou em seu ser desgosto.
O que sentia era oposto
de tudo o que queria ser.

Olhou para si
quando seus olhos já nada podiam ver.

Mesmo na escuridão da noite
soube ser luz de seu caminho,
aprendeu a andar sozinho,
já não vive por viver.

sábado, 15 de maio de 2010

O DIA EM QUE PAREI DE ESCREVER POESIA


A poesia é intensidade,

é vontade que não tem mais fim.

É toda verdade que nunca foi dita.
É amor,
mesmo quando não há amor em mim.

A poesia é lágrima
que a alma nunca chorou.
É sangue
que a ferida em chaga
nunca derramou.

É o sorriso que se coloca a gargalhar
quando o corpo, ainda saudoso,
se deixa renovar.

Ela tudo fantasia
e, ainda quando não há magia,
prorrompe em suspiros
de alegria ou de pesar.

Um dia percebi
que há tempos nela não pensava,
e versos não mais escrevia.

Mas não foi tempo sem poesia.

É que havia tanta verdade,
tanta intensidade
nesses dias,
que os momentos me escreviam
como versos,
e o silêncio era inexplicável poesia.

Aliás, só naquilo que nunca escrevi
há pura verdade,
sem fantasia.