sábado, 16 de dezembro de 2017

ÁGUAS

Ainda dói
um bocadinho.
Corrói
alguma mágoa.

É água estagnada
querendo escoar.

Mas já há
muito avanço!
Ranço que não
volta.

Água
que se amolda
ao formato
do lugar.

Se a lágrima
ao olho verte
todo sentimento
inerte
vem à boca
com gosto
de água do mar.

DESCALÇA

Ando descalça
nessa terra
que é meu ser.

Custo a perceber
que a textura
me apraz.

Sinto o contato,
a temperatura,
o formato...
como quem explora
e se torna capaz.

Me delicio
nos rios de lágrimas,
mas também
nas montanhas
que me enchem
de paz.

Me descobrir
terreno
tão variado
traz cura para o enfado
transforma o estrago
em cais.

VERSÕES DE MIM

Gosto de me sentir
viva.
De ser forte,
pró-ativa.

Gosto de ser vista
como o centro
das atenções.

Meu lado egoísta
precisa ser artista
como quem precisa
esconder as emoções.

Gosto de estar sozinha
quando a inspiração
se avizinha
me mostrando
a direção.

Sofro todas as dores
de todos os amores
como quem precisa
sentir
sem moderação.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

CAMINHOS DO DESPERTAR

Há estilhaços de mim
por todos os cantos
e, por encanto,
prefiro ficar.

Deixo a bagunça
ser companheira
da criança
e da guerreira.

Me encontro
livre
nos caminhos
do despertar.

Saber ser forte
é tão importante
quanto saber brincar.

domingo, 9 de abril de 2017

CONTRARIADA

Nenhuma luz
refletiu
seus olhos.

Nem em sonho
quis ser
seu par.

Mas que azar
te encontrar
no caminho!

Que imbróglio
me contrariar.

Te levaria
pra festa
ligeira

no sol
me deixava
queimar.

Mas não era
tempo de seca.

Não tinha
brisa de mar.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

LEVE


Flutuam
pelos ares.

Corações
blindados
ou não.

Vão como folhas
de tão leves.

O tempo
é breve.

Do chão
não passarão.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

IEMANJÁ

Afundo os pés
nas águas salgadas
da rainha.

Com respeito,
abro o peito
ofereço
gratidão.

O mar
de lágrimas
só pode ser
imaginário

não há mar
nesse cenário

só presságio
de rebentação. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

FOLHAS EM BRANCO

Sorria 
agradecida.

Folhas em branco 
eram 
seu maior 
trunfo.

Podia fazer
escolhas 
sem fim. 

A FAVOR DA MARÉ

O mar me arrasta
pro fundo de mim.

As ondas batem,
acertam.
Brincam, agora,
de dizer sim.

Eu, descalça,
liberto os barcos.

Remos soltos
navego
a favor da maré,
enfim.