quarta-feira, 30 de novembro de 2011

BUSCA


Sei que vou
e basta.

Vou em busca
do elo perdido,
mesmo sabendo que pode estar escondido
aqui mesmo, na minha casa.

Sei que vou,
e é só.

Não sei quando, como,
não me importo!

Mas sei que vou
e, quem sabe, volto.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

INCERTEZAS


Toda dor era inútil.

Não havia lugar para alguém.
Mas também não havia
lugar para a solidão.

Todo desespero era vão.

E assim seguia
sabendo mesmo que fingia.

Pois, mesmo diante do esforço,
típico de quem sabe,
simplesmente não sabia
qual seria a direção.

sábado, 29 de outubro de 2011

LIVRE TRADUÇÃO


Mesmo sem palavras,
falamos a mesma língua,

e, assim, somos dois!

Não precisamos,
nem queremos,
ser um só.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O FIM


Agora assim,
finalmente,
o fim.

Porque meu começo
é avesso
aos sentimentos,
e não há tormento
que destroce mais
um coração.

É chegada a hora
de dizer adeus
aos deuses,
e (por que não?!)
andar um pouco
ao arrepio da razão.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

EFEMERIDADES


A efemeridade reinava
plena
no cabedal de medos
daquela alma pagã.

Efemeridade temida
das coisas que passam,
das que habitam,
e das que não voltarão.

E enquanto ela reina,
o tempo-rei
reina não.

sábado, 17 de setembro de 2011

DIAS SEM SOL


Naquele país
toda gente é infeliz.

E não há guerra
que não seja santa.
Não há seta amarela,
não há pressa,
não há salvação.

Naquele país
não há jogo, nem juiz.

Não há pontes aparentes,
não há sementes,
não há plantação.

Naquele país
sem sorrisos imbecis,
não há palhaço,
não há delírio.

Não há fonte de alegria,
não há vida,
não há razão.

Mas, ainda assim,
é preciso sobreviver.
Não há outra opção.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

PERSONAGEM DO SEU LIVRO


Queria ser um personagem,
desses que só vemos nos livros,
e, no intuito de se fazer lido,
corporificou.

Passou a andar
nas ruas do nosso mundo
e sua estória sem sentido
idealizou.

Mas nesse mundo não havia
seres tão atentos,
(tempos não sobravam)
e sua estória, enfim,
nem assim vigorou.

domingo, 28 de agosto de 2011

O TÚNEL


O túnel era alheio
mas me invadia mesmo assim,
pois mesmo quando morte, vazio
e solidão
tinha algo que indicava
identificação.

Porque a loucura é infinita
e em cada um de nós agita
a parte que reconhece
ausência de razão.

Era limitado o túnel,
mas não mostrava seu fim.

Pois o limite transcendia
toda forma de entendimento,
e surtava quem insistia
que alguma forma de insanidade
podia ser ruim.

domingo, 7 de agosto de 2011

CAIS


Lugares me inspiram.
Pessoas, mais.

Na falta, suspiro.
Contigo, paz.

Viagens me levam.
Alguém me traz.

Meu barco, deriva.
Seu porto, cais.

sábado, 6 de agosto de 2011

BRUTA FLOR


Como pode,
assim tão bruta,
ser a flor
dos olhos de alguém?

Como pode,
meu bem?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

FUGA

Se pudesse fugir,
fugia.
Nada mais lhe prendia
àquele lugar.

E, com ganas de ir,
sorria
ao ver que o destino
não lhe ia faltar.

Se pudesse sair,
saía
do espaço pequeno
da tela a espelhar.

Chegaria do lado
oposto.
Com gosto de alegria
tentaria ficar.


terça-feira, 19 de julho de 2011

DORES


Anestesiada,
já não sinto
dor.

Assim é fácil, Dr.,
acabar com todas
as dores do mundo.

Difícil é ir fundo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

SEM PALAVRAS


Não era amor banalizado
dos amantes mal amados,
nem amor superlativo
dos amores já vividos.

Mas era amor
por falta de outra palavra.

E, de perto, era mais
do que todo alfabeto.

Até diria ser pecado
limitá-lo dessa forma.

E evitaria o estrago
se as normas pudesse mudar:
inventaria palavras novas
ou as velhas tentaria apagar.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

É E SERÁ


Era chegada a hora!

E toda a expectativa
se transformava
em especulação.

E a especulação
em medo.

E o medo
em medição.

E a medição
em melindre.

Não podia ser assim.
Não podia não ser assim.

Mas era...
e é.

E será.

domingo, 29 de maio de 2011

PARTO ÀS AVESSAS


Quando tentou gritar
no afã de se livrar
da raiva que calou,
se espantou!

Um pedaço que saía
da boca ali aberta
(que de náusea lhe enchia)
era mágoa ainda presa.

E ao vê-la,
quase que nascendo,
teve certza:
era um parto às avessas.

E, mesmo sem analisar,
se vomitava ou engulia,
o pedaço resolveu puxar
(agora que à boca havia chagado
era impossível suportar).

Mas, como mágica sombria,
a mágoa que saía
tinha um nó que a ligava
a outra mágoa, de outro dia.

E o parto prosseguia...

Deste vômito mal acabado,
enorme corda se formava
e tanto mal lhe fazia
que quase se arrependia
de tê-lo provocado.

Era parto,
mas também era enfado.

Chegou a um ponto,
porém,
que a corda já lhe fazia bem.

Talvez por estar mais fora,
talvez por não estar tão sem.

Foi aí, então,
que a teve que cortar.

E um tanto ficou no chão,
e outro tanto voltou a entrar.

Era parto,
a apartar.

E, no fim,
se sentiu tão leve!

Subiu numa balança,
quase podia voar.

domingo, 22 de maio de 2011

DITO


Acabou o silêncio
causado por ela.

Acabou o vento
mas os cacos ficaram
espalhados pelo chão.

Acabou o sim,
e também o não.

Maldição.

Maldizer ou bem,
mas dizer.

E se não disser
vamos ver...

Reflexos do silêncio
vivos no caixão.

Enterrados,
e não.

Acabou o silêncio
mas não acabou a canção.

Ainda há banda
(pigarreia),
há orquestra.

E sobram palavras
no fim deste refrão.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

AS RAÍZES QUE QUERO CULTIVAR


Se me prenderão,
e como,
parece não importar.

E se detê-las
for impossível,
que todos os espaços
possam tomar.

Sem cálculos,
sem limite,
e (por que não?)
sem pesar.

Essas as raízes
que quero cultivar!

Me levarão ao fundo
do sentimento,
ainda que o tempo
não seja de enraizar.

Me manterão firme,
como fazem as boas raízes,
e sorverão da terra
(sem medo)
toda a alegria
de ali estar.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

SEM MAIS


Se perderam as palavras
em alguma emoção
e, no afã de sentir,
não mais quero encontrar.

Se perderam para rir
das noites em que havia paz
e, sem que as possa traduzir,
deixo que morram, sem mais.

terça-feira, 29 de março de 2011

SENTIDO


Sentia o toque do olhar,
profundo, mas não invasivo,
latentes todos os sentidos
dualidade do ser.

Sentia, e não podia ser.
Tanto, em tão pouco,
alegria misturada com sufoco,
arte moldada
para não caber.

Sentia para dar sentido,
mas também
para o sentido perder.

E era muito,
mesmo sendo muito pouco.

Calmaria
que vem antes do transtorno.
Dualidade
que não pensa em perecer.

sexta-feira, 18 de março de 2011

EU


Grão de areia
jogado ao vento,
volto a tirar
os pés do chão.



segunda-feira, 14 de março de 2011

EL VIAJE


Viajar es andar
por el alma ajena,
conociendo lugares
que no se pueden nombrar.

Viajar es abrir
los portales de un mundo
nuevo y distinto
sin salir del hogar.

En ese viaje
me quedaría
hasta que llegue el momento
en el que ya no pudiera estar.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

BASTA!


Basta que seja breve
e que não seja certo
pra que não seja acerto
a loucura ideal.

Basta que seja calma
e que não haja sentimento
pra que não haja lamento
nessa trama triunfal.

Basta que não seja nada
pra que não haja espada
e a guerra não se inicie
como ciclo natural.

Basta que seja fácil
colocar a teoria em prática
pra que tudo que foi dito
seja verdade, afinal.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

SINA DOS ROMÂNTICOS


Amar e não ser amada,
gostar da pessoa errada,
entregar o coração
por tudo
e por nada!

Eis a sina dos românticos
fadados ao eterno sofrer.

Incompreendidos...
é o que hão de ser.

Amar a emboscada
mesmo depois de enganada.
Em tudo
sem nada!

Eis a sina dos românticos
preparados para perecer.

O eterno conflito
é tudo que hão de ter.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PARÁ


Páro para observar o Pará
dançando o carimbó
dos MEUS sonhos.

São risonhos os medos
ao som da garça e do guará.

A Baía do Guajará
lembra a minha Bahia.

E no leito do Guamá
vejo a sombra de um vazio,
pois o "verde saudade"
desemboca no meu mar.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

PONTO DE ENCONTRO


Qual o ponto do encanto
que me arrasta tanto
num pranto
de tirar os pés do chão?!

De um tanto, no entanto,
que me espanta o canto
e o recanto da alma
vira ponto de interrogação.

Qual o ponto de encontro
que te mostrará pronto
pra receber meu marco
cansado de imprevisão?!

E qual canto de um tonto
desafino o contraponto
e me perco nas notas
mortas do seu refrão.

domingo, 9 de janeiro de 2011

LOUCOS DE AMOR


A intensidade na entrega

reflete a felicidade
que só eles hão de sentir.

Loucos... e daí?
De amor... que horror!

Não falo da sina dos românticos
(assunto para uma outra versão),
mas de um sentimento tão puro
que não admite sequer explicação.

Loucos que amam...
por que não?

Se o amor se encanta, e ri...
e daí?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

PURA EMOÇÃO


Alguma coisa acontecia
naquele coração...

E o sonho lhe envolvia
(mesmo sendo contra as regras),
e a mente pululava
tamanha a agitação.

O fim, de tão estranho,
vinha antes do começo
mas estava disposta
a pagar o preço
porque burra a emoção.

Por que burra?
Por que cega?

Sabia todas as respostas,
mas era pura teoria.

Na prática, não sabia!
Não queria solução
(chega um ponto que prefere
dar um basta à razão).