domingo, 29 de maio de 2011

PARTO ÀS AVESSAS


Quando tentou gritar
no afã de se livrar
da raiva que calou,
se espantou!

Um pedaço que saía
da boca ali aberta
(que de náusea lhe enchia)
era mágoa ainda presa.

E ao vê-la,
quase que nascendo,
teve certza:
era um parto às avessas.

E, mesmo sem analisar,
se vomitava ou engulia,
o pedaço resolveu puxar
(agora que à boca havia chagado
era impossível suportar).

Mas, como mágica sombria,
a mágoa que saía
tinha um nó que a ligava
a outra mágoa, de outro dia.

E o parto prosseguia...

Deste vômito mal acabado,
enorme corda se formava
e tanto mal lhe fazia
que quase se arrependia
de tê-lo provocado.

Era parto,
mas também era enfado.

Chegou a um ponto,
porém,
que a corda já lhe fazia bem.

Talvez por estar mais fora,
talvez por não estar tão sem.

Foi aí, então,
que a teve que cortar.

E um tanto ficou no chão,
e outro tanto voltou a entrar.

Era parto,
a apartar.

E, no fim,
se sentiu tão leve!

Subiu numa balança,
quase podia voar.

5 comentários:

Bruno Gomes disse...

Um trabalho de parto complicado esse, hein? hehe

Mas é bom "vomitar" essas coisas às vezes.
Elas se acumulam, começam a pesar, a incomodar e quando vemos... blééé, fazemos uma meleira danada, eca!

Beijos!

Chan. disse...

E ainda assim, filho.

Rodrigo Feitosa disse...

certa vez um filósofo disse:

- Éca!

Ju Marques disse...

Enjeitados, vomitados, malquistos... e, ainda assim, filhos!

Mariane Magno disse...

É sempre bom soltar essas fúrias, se sentir mais leve, desabafar com alguém. Se fica guardo deixa-nos tão pesados que poderíamos morrer sufocados por essa angustia, raiva ou sei lá.

Pena que as pessoas não entendem muito, eu geralmente sou bem calma e tranquila, mas quando alguma coisa me enraivece ninguém entende minha explosão repentina ou não acostumam-se com uma Mariane estourada.

Beijos irmãzona *-*