terça-feira, 15 de maio de 2012

VERTIGEM

Se fosse um poço
fundo,
e ainda que não tivesse fim,
me atiraria mesmo assim.

Pois há vertigem
em cada mirada
e o medo revela
a vontade de saltar.

Se fosse noite
alta,
e ainda que me encerrasse em mim,
não desejaria que tivesse fim.

Pois as luzes
me ascendem
a uma outra morada
e a escuridão mais parece
contraste a revelar.

Se fosse
e deixasse de ser.

E se os "ses"
me permitissem
realmente viver.

Aí, enfim,
já não sei como seria.

3 comentários:

Ju Marques disse...

"Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrae e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados."

A Insustentável Leveza do Ser
(Milan Kundera)

Chan. disse...

É a vontade de pular.

Ricardo Dib disse...

Ju, quando li esse poema lembrei exatamente desse livro. É uma leitura fantástica!
Como eu já senti essa vertigem...

Bjs.