segunda-feira, 17 de setembro de 2012

MARES DO SERTÃO


Não quero sangrar aqui,
onde a água é tão escassa.

Não haverá desperdício de lágrimas
nem flores para Iemanjá.

Pois se até no sertão
há terra fértil
(uvas a abundar)!
Por que é que no meu coração
não haverá?

Plantarei agora, sementes.
Flores lançarei ao rio.
Em fevereiro, quem sabe,
serão oferendas no mar.

2 comentários:

Rodrigo Feitosa disse...

de seco, falta d'água
coração não morrerá
de enchente vive a mente
torrente a inundar

e o tempo é feito chuva,
que a emoção regará
e fará brotar flor em verdejante mata rica

que lhe cortem uma ou duas árvores
quem se importa?!
todo caule queimado ou arrancado há novamente de brotar

faça os desejos, as preces
sementes a germinar
toda oferenda de rio
um dia deságua no mar

Ju Marques disse...

De repente
(não mais que de repente)
perdem a importância
e voltam a importar,
e ganham volume
pra, depois,
voltarem a murchar.

Mas os desejos
em algum momento desejados
ficarão pra sempre naquele lugar.

E seguirão, como ondas,
rumo ao infinito
e chegrão, quem sabe,
onde devem chegar.

"Toda oferenda de rio
um dia desagua no mar".