sábado, 14 de fevereiro de 2009
PONTO DE VISTA
Era um barco,
estranhamente,
abandonado na beira do mar.
Alguém lhe havia
esquecido de ancorar.
Mas isso nao lhe poderia
vir a preocupar...
Com as ondas sempre ia
para sempre com elas
regressar.
Quao delicioso era
poder seguir o curso das águas,
deslizar ao bater da brisa
rumo ao ritmo
das águas do mar.
Quao deslumbrante parecia
nao saber-se barco,
nao saber-se brisa,
nao saber-se mar.
Mas haveria de chegar um dia
o momento de contestar...
Do lado de fora,
enquanto uns viam nele LIBERDADE,
outros tantos
somente a SOLIDAO
conseguiam enxergar.
Porque assim é a vista.
Ela é apenas reflexo
dos olhos daqueles
que se colocam a mirar.
Assim,
mesmo sendo pleno,
e tendo como morada
todo o infinito, a brisa e o mar...
mesmo sendo dono
de toda liberdade,
e da doce magia
de nao ter que ancorar...
já nao podia relaxar!
Lhe feriam os pensamentos.
Era chegado o momento
de parar e questionar.
Por que me esqueceram de ancorar?!
Que porto no mundo
me poderia amparar?!
Serei bem vindo,
esse barco abandonado
livre e libertado...
em outros mares para navegar?!
Porque assim é a vida...
ainda quando tudo temos
basta abrir os olhos
e já vemos
que muita coisa
nao se pode divisar.
(como seria bom ser um barco...
daqueles que nao se sabem,
e nao se precisam questionar).
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2 comentários:
Se escolhe deliberadamente ser barco, não pode ter medo de viver à deriva, nem reclamar da consciência de si.
Só aquilo que é o que é pode se dar ao luxo de não se conhecer.
Seres-gentes como nós podem se esquecer dos seres e das gentes...
Cada um enxerga aquilo que vai no seu coração. Liberdade e Solidão, ambas estão presentes nesse contexto. Mas, o que queres cultivar?
Beijos, poetisa linda.
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